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Palestras

  • Luis Carlos de Menezes (IFUSP):

Formação de professores: a inconsistência das políticas e o descompromisso das instituições

Raramente a regulamentação da educação básica foi acompa-nhada de correspondentes políticas públicas para a formação de educadores e, se nos restringirmos aos últimos vinte anos, basta como exemplo a própria LDBEN, de 1996. Nas faculdades parti­culares que formam a maioria dos professores, com poucas ex­ceções, a formação inicial é geralmente uma possibilidade de mercado que pode ou não ser aproveitada; nas universidades públicas, com outras importantes exceções, é frequentemente uma obrigação a cumprir, que pouco contribui para valorizar o currículo dos docentes e, por isso, nem sempre é priorizada. Quanto à formação continuada, quando provida pelos próprios sistemas, nem sempre é tomada como trabalho remunerado, e quando oferecida de fora, nem sempre atende a efetivas de­mandas do exercício real da profissão. Não se muda essa reali­dade simplesmente com novas leis, mas não se muda sem elas, e isso envolve contingências como condições de trabalho e salário que dependem tanto da evolução da política e da economia quanto de uma mobilização social e institucional. Encontros como este que nos reúne podem ser postos de partida para isso.

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  • Ivã Gurgel (IFUSP):

Trabalhos Realizados Por e Com Professores: Compartilhando Reflexões sobre uma Agenda de Pesquisa.

Uma preocupação que perpassa as pesquisas em Ensino de Ciências consiste na busca de melhoria das aprendizagens nesta área do conhecimento. Disto emergem questões que refletem preocupações sobre como ensinar de modo que estudantes efetivamente aprendam e sobre quais metodologias e estratégias educacionais possibilitam este fim. Dentre as possibilidades de pesquisa, é crescente as que se baseiam na análise de intervenções didáticas realizadas em sala de aula, conduzidas por professores-pesquisadores, em que se analisa diferentes aspectos relacionados ao processo de construção dos conhecimentos por estudantes. Contudo, mesmo reconhecendo a fundamental importância destas análises, pode-se questionar o quão suficiente elas são para a promoção de mudanças educacionais. Colocando a questão por meio de outra perspectiva, pode-se questionar quais conhecimentos as pesquisas em sala de aula têm desenvolvido como seus resultados e como estes últimos nos dão indicativos sobre como desenvolver novas práticas educacionais.

O objetivo da apresentação é partir dos questionamentos anteriores para indicar algumas possibilidades de pesquisa que ainda têm pouca presença na literatura e que, de modo geral, buscam caracterizar obstáculos às mudanças educacionais. Para isso, partiremos de uma fundamentação filosófica baseada na Teoria Crítica da Sociedade para caracterizar epistemologicamente o que seria um projeto de mudança educacional. Em seguida, apresentaremos algumas perspectivas presentes em Teorias de Currículos para ajudar a conceituar as dinâmicas escolares. Em especial, trataremos do conceito de Cultura Escolar. Por fim, delinearemos perspectivas de análise para trabalhos que buscam analisar intervenções feitas em sala de aula e que podem produzir resultados importantes à formação de professores.

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  • César Augusto Minto (FEUSP):

Ensino de Ciências, docentes, formação e condições para o exercício do magistério

Como está sendo tratado o Ensino de Ciências nas escolas pú-blicas do Estado de São Paulo? O que se espera da formação de docentes para atuar no Ensino de Ciências, o que se constata sobre essa formação? O que está apontado como perspectiva nessa temática? Quais são os maiores desafios a serem enfren­tados pelos professores que atuam no Ensino de Ciências? Essas questões instigantes demandam reflexão constante e maior atenção dos governantes por meio de políticas públicas adequa­das para a área.

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Mesas Redondas

 

O papel do professor e o ensino de Ciências da Natureza: desafios e perspectivas

  • Ivã Gurgel (IFUSP)

A Prática Docente Frente às Políticas Educacionais Contemporâneas

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/1996) é um documento importante por, entre outras coisas, delinear as finalidades da educação no Brasil. Nela, compreende-se que a educação básica tem finalidade em si – não podendo se submeter às necessidades das etapas subsequentes de formação – devendo ter como função o desenvolvimento de elementos como a cidadania e a ética. Esta “nova” forma de pensar a educação acaba por atribuir “novos” papéis aos professores e professoras, que podem ser compreendidos, muito resumidamente, como orientadores do processo de aprendizagem.

Contudo, estes ideais que datam de mais de duas décadas ainda são possibilidades que pouco se concretizam nas escolas. Assim, cabe questionar quais elementos impedem que este modelo de educação se realize. Sem a pretensão de esgotar o tema, o objetivo desta apresentação é analisar como iniciativas atuais do governo federal contribuem (ou não) para a promoção do projeto educacional previsto pela LDB. Em especial, buscaremos apontar como estas novas políticas implicitamente desvalorizam professores ao creditar a possibilidade de melhoria educacional em elementos que não passam pela valorização de sua formação, carreira e condições de trabalho.

 

Políticas Públicas e Formação de Professores

  • Edenia Maria Ribeiro do Amaral (UFRPE)

A proposição de políticas públicas que versam sobre currículo para a Educação Básica necessariamente deve ou deveria estar articulada com políticas de formação de professores. Atualmente, estamos em processo de elaboração, revisão, modificação e conclusão de um texto para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e foi aprovada a PEC 746, para a Reforma do Ensino Médio. Entre outras, essas duas ações de política educacional trazem expectativas de mudanças na formação inicial e continuada de professores. Em paralelo, os cursos de formação inicial de professores buscam cumprir a incumbência de debater e reformular suas matrizes curriculares, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior e para a formação continuada, publicada em julho de 2015. Nessa mesa, buscaremos apontar possíveis compassos e vários descompassos entre documentos disponíveis da BNCC, da Reforma do Ensino Médio, e das DCN para a formação de professores, com o objetivo de promover um debate sobre desafios que são colocados para o ensino de ciências e a formação de professores.

  • Sonia Penin (FEUSP)

Políticas Públicas e Formação de Professores: entre Normatizações e Inovações

Educação é uma Política Pública e Política Pública é um campo de conhecimento estabelecido que busca relacionar sociedade, Estado, governo e instituições de diferentes tipos. Entendendo a Educação como Política Pública, há que considerar em sua discussão e formatação o conjunto de leis, ordenações e intervenções relativas à educação, coordenadas pelo Estado, ainda que não de forma exclusiva. No Brasil, a educação oferecida ao cidadão em todos os níveis e modalidades é ordenada pela Carta Magna e legislação específica, destacando-se a LDB, e também por intervenções, em grande parte definidas pelo Estado. Essas definições, decididas de maneira às vezes mais, às vezes menos democrática, oferecem também, em alguma medida, desde a LDB no. 5692 de 1971, certa liberdade de escolha às instituições existentes, sejam públicas, sejam privadas, tanto na educação básica, quanto no ensino superior. No tocante à Formação de Professores, de maneira análoga aos outros segmentos da educação, as Políticas Públicas orientam as instituições na elaboração de seus específicos projetos, no caso, projetos pedagógicos de curso de licenciatura. Todavia, apesar da liberdade estabelecida em lei, nota-se pouco uso dessa liberdade, a maioria das instituições seguindo ou o estabelecido nas normas de referência em vigência ou o estipulado no modelo formulado na gênese de sua própria criação. Esquecem-se ou esquecemo-nos que muitas vezes é a partir do sucesso de propostas inovadoras que as Políticas Públicas são reformuladas, incluindo as normatizações. Confrontar Políticas Públicas vigentes e novas respostas emergidas de uma análise crítica de problemas atuais, detectados nos currículos e nas práticas existentes em cada instituição vis-à-vis sua relação com a atuação dos seus egressos, pode ser caminho profícuo para modificar a tendência hegemônica de uma formação que não tem atendido as carências da educação brasileira no âmbito da educação básica.

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